sábado, 11 de outubro de 2008

A noite no WacoKungo

A seguir à montanha minada, a maior aventura foi sem dúvida a dormida...

Em procura de um sitio para dormir... encontrei apenas um com disponilidade de quarto.

O hotel tinha requinte... atendimento personalizado, com empregados muito simpáticos, serviço de restaurante de óptima qualidade e velocidade, quarto climatizado... e tudo isto por apenas 7000 Kz (cerca de 93$ ou 70 €).

Bem na realidade a única verdade que escrevi no paragrafo anterior foi o preço... o resto era tudo aquilo que estaria à espera pelo preço.

Atendimento personalizado: Geralmente o atendimento é das piores coisas em qualquer estabelecimento Angolano (isto quando comparado com o Português é claro). São extra-lentos, extremamente limitados no que podem decidir, mal-humurados e se por ventura pedir-mos algo que não o habitual...dá nó naquelas cabeças!

Serviço de Restaurante: neste restaurante almocei e jantei, pedindo sempre o prato mais rápido - bitoque. Pois bem, desengane-se aquele que pensa que o bitoque não tem ciência, pois ali tinha e bastante - demorava cerca de 45min a sair para a mesa um bife imastigável. Acho que nunca tinha comido carne tão rija na minha vida... Quando fiz uma observação à lentidão do serviço, a resposta foi simples: 
-isto não é como o funge que se faz em 10min... tem que se esperar pela cozedura do bife! 
ao que sorri... porque sorrir é o melhor remédio...

em relação ao quarto: era uma suite, com cama de casal, quarto de banho completamente equipado:

Alguém reparou no bidão com água ao lado do lavatório, na caneca em cima do lavatório e na bacia em cima do bidé??

pois...era com isto que supostamente eu me lavava. Bem que passei uma noite à porco, indo apenas comprar uma garrafa de agua de 1,5l ao restaurante para lavar os dentes (300 Kz - 3€)... porque muito provavelmente se tocasse naquela água... bem... era quase como que um clister...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Viagem ao WacoKungo

Assim de repente tive uma viagem ao Wacokungo...
400 km de estrada a percorrer, depósito cheio, GPS em punho, dinheiro no bolso, sem pneu suplente e lá fui eu...
A viagem até foi bastante rápida... 5h... as estradas recentemente abertas permitem velocidades na ordem dos 150km/h. São estradas que facilmente permitem 3 faixas para cada lado, retas gigantescas (na ordem dos 100 e tal km entre curvas consecutivas) a atravessar savanas e montanhas.

Uma das curiosidades é que não vi macacos... só depois de falar com o Mahiri (Angolano que viajava comigo) é que percebi os macacos por estes lados são uma iguaria...

Chegado ao Wacokungo deparei-me com uma cidade muito calma em termos de trânsito - completamente oposta a Luanda. Os meus trabalhos eram simples e concentravam-se no centro da cidade e no topo do monte a 1600m de altitude.

Logo ali no centro eis que encontro alguns dos vestigíos da guerra - um tanque abandonado que servia como brinquedo às crianças que voltavam da escola

Chegado ao outro ponto de trabalho e indo eu a caminho de aliviar a pressão até então existente na minha bexiga, contra o Imbondeiro mais próximo, sai o Charlie (Charlie são os seguranças existentes junto das infra-estruturas de telecomunicações) disparado aos berros para mim: 
-Chefe, não vai pra'í... chefe não vai pra'í!. 
E com muita calma eu parei e lhe perguntei:
-Então porquê?
ao que respondeu:
-É que os montanha ta minada... os chefe só podi andar nos caminho dos carro!...
Ao que parece aquela era uma montanha que servia como ponto de radar para o MPLA e era bastante cobiçada pelos homens da Unita e na verdade a montanha estava desminada apenas na estrada mais 5m para cada lado...
desnecessário será dizer que senti um ligeiro nó no estômago... Além das minas também encontrei 3 involucros de bazucas, mas estes já sem qualquer perigo para a minha saúde pois apenas serviam para o charlie guardar a sua água.

Ao descer a montanha aproveitei para guardar um momento Kodac:
Enquanto descia e admirava a paisagem, pensava para mim: "Epa mas que sitio espectacular para haver um aldeamento turistico com casas de montanha... não fossem as minas - o que por outro lado também serviria para aqueles com vidas mais amarguradas, pois uma pequena volta no jardim e acabam-se as amarguras." e eis que me deparo com um amargurado... talvêz pelas prestações do seu clube?!?